CAMPINA GRANDE
03 de maio 2012
O
casamento no Antigo Egito
"És
meu marido. És minha mulher."
A história do Antigo Egito é considerada
a mais longa experiência humana da civilização.
A cultura detinha de um caráter prático que atingiu altos níveis de
admiração. É de tamanha importância estudar a vida cotidiana das sociedades
dessa civilização que deixou marcas para a humanidade.
Relatam-se grandes feitos e conquistas,
guerras e monumentos, e a influência da religiosidade na vida das pessoas. Mas,
o que falar então, do dia-a-dia dos egípcios? E, em um ponto interessante a ser
pesquisado como forma de compreender outras culturas, está à questão
matrimonial, ou seja, o casamento. Como então era realizado o processo de
preparação, e como seria então a questão da mulher em relação ao casamento, a
presença da hierarquização entre as classes nesse momento. Dentre essas, outras
questões eram presentes na vida dos egípcios, como a poligamia, a poliandra, o
divórcio, adultério, e a virgindade. Essas são algumas questões que
serão abordadas, fazendo com que o Egito Antigo possa ser diferenciado de
outras civilizações, relatando um pouco dos costumes, dando ênfase ao
casamento, dessa civilização que tanto beneficiava e ainda continua a
beneficiar os estudos.
O Antigo Egito foi
uma civilização da Antiguidade que se desenvolveu no canto nordeste do
continente africano, mais especificamente num território compreendido entre a
primeira catarata e o Delta do Rio Nilo, limitando a leste com deserto da
Arábia, a oeste com o deserto da Líbia, a sul com a Núbia e a norte com o Mar
Mediterrâneo.
A sociedade do
Egito Antigo possuía uma forma de organização bem eficiente, embora injusta,
garantindo seu funcionamento e expansão. Esta sociedade era hierárquica, ou
seja, cada segmento possuía funções e poderes determinados, sendo que os grupos
com menos poderes tinham que obedecer quem estava acima.
Ao compreender o
cotidiano dos povos egípcios, o casamento pode ser diferenciado de outras
civilizações. No Egito Antigo, nenhuma lei obrigada à mulher a viver com algum
homem. O termo casamento, só será utilizado no Novo Império (1500 - 1085 a.C.),
onde serão formulados vários contratos. Os casamentos ocorridos no Egito, de
certa forma, não podiam distanciar-se dos documentos jurídicos, estes
favoreciam a mulher, como uma forma de independência, o que era visto como um
absurdo por outros povos.
Os casamentos eram
feitos através de contratos, onde se pedia ao marido que se comprometesse
formalmente em garantir o bem-estar material da esposa se o casamento
fracassasse, ou seja, garantir, sobretudo a situação da mulher, mas não havia
leis que impusessem o estabelecimento do contrato em si mesmo. Se o marido
deixasse a mulher, tem que dar a ela bens, devidamente assinalados por
contrato. A egípcia estava assim protegida contra uma separação injusta.
O período de doze
a quinze anos, a mulher estaria apta a se casar. Para alguns sábios, era melhor
ter filhos na juventude. Diferente de outras civilizações onde a mulher estaria
sujeita a um casamento que não era de sua vontade, quando a egípcia decidia
casar-se, ninguém poderia impedi-la, tentava-se entrar em acordo com os pais,
mais estes não tinham o direito de escolher um pretendente para ela. Se
houvesse conflito, a opinião da jovem prevalecia, mas, podiam-se notar muitas vezes jovens incentivadas a se casarem com
homens bem mais velhos, às vezes já casados. No casamento egípcio nem o Estado nem a igreja poderia interferir. Ao
casar-se a mulher egípcia não tomava o nome do marido, mantendo o seu.
A cerimônia de casamento não era considerada
um ato sagrado, ou seja, não era objeto de nenhum ritual. Nos preparativos, a
noiva dirigia-se à casa do noivo levando objetos e flores, e, o essencial para
viverem juntos em um mesmo ambiente. Podia-se então presenciar no dia do
casamento, os noivos levarem alimentos nos templos como oferenda aos deuses.
Faziam isso para pedir bênçãos. Normalmente,
o casamento acontece às quintas-feiras, véspera do feriado semanal muçulmano.
Nessa ocasião, é oficializado o noivado, com a leitura da fatihah, capítulo de
abertura do Corão. A família do homem, geralmente, é responsável pela compra da
casa. As jóias que a mulher recebe no noivado e durante sua vida de casada é,
de certa forma, uma "poupança" que ela vai fazendo ao longo da vida,
para enfrentar algumas dificuldades.
A festa de
casamento egípcio começa com uma "procissão", com tambores, tamborins e
trompetes, que produzem uma música rítmica. Mulheres emitem um grito
característico, denominado zagharit, onde agitam rapidamente a língua. Na
frente da procissão vêm os músicos e dançarinos, vestidos com roupas brancas e
vermelhas. As damas de honra, normalmente em número de seis, vestindo roupas brancas
e carregando longas velas. Um pequeno garoto ou menina, à frente, joga pétalas
de rosas vermelhas sobre os noivos. A noiva usa um longo vestido e véu brancos.
A procissão chega ao local da recepção e o casal troca cumprimentos com os
convidados.
Após a
recepção, os noivos passam juntos a lailat al-dokla (a primeira noite), na
mesma cidade onde ocorreu a recepção. Irão passar a noite num hotel ou num
apartamento vazio de algum amigo, porém nunca na casa dos pais, o que é
considerado de mau agouro. A noiva dá de presente ao marido pijamas de seda,
enquanto ele dá uma peça de jóia. O
noivado concretizava-se com a troca de presentes entre as famílias. Enquanto os mais pobres fazem apenas uma zaffa na rua,
os ricos alugam hotel cinco estrelas, com custos muitas vezes chegando a mais
de 60 mil dólares.
Os Egípcios eram,
na sua maioria, monógamos. As heranças passavam de pais para filhos, mas sem
seguirem padrões muito rígidos, e as propriedades da família eram definidas por
um acordo de casamento, denominados assim como testamentos.
Mas, apesar da
maioria ser monógonos, podia-se então, presenciar casos de poligamia, onde, o
marido é representado em certas ocasiões, na companhia de duas mulheres,
denominadas como "esposas". No Egito, a prática da poligamia se restringe às pessoas de muitas
posses e não é freqüente nos grandes centros urbanos. Há casos em que várias
mulheres dividem a mesma casa com um só marido.
Apesar da
maioria dos egípcios serem monógonos, o casamento poligâmico dependia das condições econômicas
do homem. Contudo, essas mulheres denominadas concubinas, eram inferiores a
esposa legítima. As concubinas poderiam viver na casa dos seus amantes, mas
estavam sujeitas à vontade deste: se o homem deixasse de se sentir interessado
por ela poderia expulsá-la. Os casos de poligamia eram mais freqüentes entre os
faraós. Além da esposa principal denominada "a grande esposa real",
os faraós poderiam ter várias mulheres. Na prática, um faraó precisava ser casado para que sua rainha legítima
lhe desse um herdeiro. Além disso, essa mulher assumiria várias outras
responsabilidades perante o povo egípcio, e o herdeiro, filho da esposa real
com o faraó se beneficiaria para exercer o papel de faraó futuramente. O faraó
poderia também casar-se com suas filhas. Essas relações entre pais e filhas ou
entre irmãos e irmãs não eram vistas como se é visto hoje. Os próprios deuses
já haviam dado o exemplo como nos casos de Shu e Tefnut, Geb e Nut, ou no caso
mais clássico de Osíris e Ísis. As filhas do rei tinham poucas possibilidades
de contrair matrimônio. Não era permitido que casassem com pessoas inferiores à
sua posição social, ou mesmo com membros de outra realeza que não fosse à
egípcia, para que se evitassem reivindicações indesejadas ao trono no futuro.
As únicas oportunidades de matrimônio para elas parecem ter sido a de se
casarem com príncipes ou com o próprio rei. O objetivo era o fornecimento de um
herdeiro legítimo para o trono e a manutenção da pureza do sangue real. Em
algumas situações o pai se casava com uma filha como se ela fosse uma espécie
de substituta da mãe que havia falecido. Em outros casos, entretanto, mãe e
filha eram casadas com o faraó ao mesmo tempo.
Numa época
na qual a população mundial era pequena e as crianças morriam ao nascer, a
fertilidade era de tamanha importância. Para o faraó a preocupação nesse
sentido era ainda maior, pois ele necessitava gerar um herdeiro para o trono do
Egito. O resultado é que nem todas essas mulheres tiveram filhos do rei; muitas
estavam engajadas em fiar, tecer e executar outros afazeres domésticos dentro
dos vários palácios ao longo do Egito.
O divórcio já
existia no Egito Antigo, as mulheres também podiam se divorciar. Nesse caso
elas recorriam aos seus familiares e pediam ajuda para intervir no casamento. O
divórcio era algo simples e não necessitava de muito tempo. Entre os principais
motivos de divórcios estavam os maus tratos, o adultério e a infertilidade. A questão do adultério era mal vista sobre a mulher, ou seja, era
considerada uma ofensa séria.
Podia-se
então perceber casos de poliandra. Por poliandra (grego: poly- muitos andros-
homem) entende-se a união em que uma só mulher é ligada a dois ou mais maridos
ao mesmo tempo. É crença comum de muitos antropólogos que a forma mais comum de
poliandra é aquela em que dois ou mais irmãos desposam a mesma mulher. É
notável que a poliandra seja um tipo de poligamia menos freqüente na história
da humanidade.
A
virgindade da mulher egípcia é bastante “liberal”, como exemplo do Cairo. Mas,
no interior do Egito é bem diferente. Lá há ainda o costume de o pai exigir um
dote para entregar a filha ao futuro marido: pode ser dinheiro, ouro, camelos,
bois, ovelhas, carneiros ou terras. Nos grandes centros isso já não acontece.
A
virgindade da noiva é uma exigência que muitos egípcios não abrem mão, podendo
o noivo anular o casamento se descobrir na noite das núpcias que sua mulher não
é mais virgem. Há ainda o costume de muitos noivos exibirem o lençol manchado
de sangue, na manhã seguinte à primeira noite, para provar aos familiares e aos
amigos que sua mulher era virgem.
Já com os
homens, desde muito cedo, são iniciados a adentrar a vida sexual. Assim, muitos
homens, ao se casarem com moças bem mais novas e virgens que não tiveram
nenhuma experiência anterior, sentem a responsabilidade da primeira noite e
muitas vezes não conseguem completar a relação.
Portanto,
pôde-se conhecer um pouco da cultura egípcia, dando ênfase ao casamento, que
diferente de várias outras civilizações antigas, a mulher exerceu um papel bem
atual. E sem deixar de citar, alguns pontos que fazia parte desse período. Como o caso o poligamia, onde se era
permitido a relação do home com várias mulheres, e em um caso importante , a
questão do faraó, que poderia então se relacionar-se com suas próprias filhas,
para no entanto não as deixar que
detinham de vários fatores, e que diferente de várias outras civilizações, o
papel da mulher foi beneficiado,
garantindo o direito de poder escolher com quem se casaria, e assim selar-se o
matrimônio, com “ És meu marido. És minha mulher.
Kalina Lígia de Sousa Lima